quinta-feira, 30 de julho de 2009

Cenas II


Aquela frase causou-me breve nostalgia.
Aproximei, e logo envolvi sua cintura em meus braços, eu a queria para mim naquele instante, nada mais importava. Eu precisava daqueles beijos macios e envolventes, que chegavam a falsear minhas pernas. Mesmo que custasse meu orgulho ferido.
Seu corpo todo molhado e frio não demorou a aquecer no envolver dos nossos corpos pelo chão da sala.
Enquanto a vela queimava, fazíamos amor intensamente, como quem esperasse há tempos, ou como quem jamais faria novamente.
Ela sabia o que devia fazer, como me enlouquecer e me levar completamente ao êxtase.
De alguma maneira sentia-me desconfortável, sem entender porque, não me entreguei completamente naquele momento.
Tive vontade de sair correndo: o que me mantinha presa ali eram as habilidades que ela possuía em suas caricias. Principalmente seu perfume que tomava conta de todo ambiente, abafando o cheiro da vela aromática e deixando-me cada vez mais entorpecida.
Quando nossos corpos já estavam cansados, completamente satisfeitos, deitamos e, como era de nosso costume, acendemos um cigarro cada uma.
Meus pensamentos elevaram-se junto à fumaça que flutuava da ponta de meu cigarro: relembrei os momentos que passamos juntas num passado pouco distante. O quanto me sentia adolescente envolvida em meus sentimentos por ela. Perdi-me completamente nesses pensamentos sem notar que a deixara só.
Ela falava docemente algo que eu mal entendia. Assenti com a cabeça antes de expirar uma longa fumaça.
Estava só, não havia dividido aqueles pensamentos com ela. O olhar distante e mais introspectivo que normalmente. Meu desejo era ficar só, ou acordar daquele ...sonho. Não! Não era sonho! Ali estava ela, de verdade. Eu sentia que não fazia mais parte daquele mundo. Minha paixão esvaiu-se no tempo em que passei sozinha e sofrendo. O encanto perdera-se, e, consigo, levou a sensualidade que havia entre nós.
De repente veio-me uma vontade quase irresistível de rir quando me dei conta que já não cabia mais sentimentos entre nós, que minha vontade era de (não) voltar ao passado.
Algo indescritível nascia dentro de mim, uma ansiedade incontida me fez levantar subitamente e começar a me vestir.
“Vou sair”
“Na chuva?”
“Comprar cigarros”
Saí, sem deixar-lhe direito a resposta, aliás, o silêncio foi sua única resposta.
continua....

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa que cena quente...
Espero que as magoas não sejam maiores que os laços desse amor.
Estou torcendo por um final feliz!!
Questionadora