quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Medo

Tínhamos tantos medos, lembra? Tínhamos medo que uma abandonasse a outra, medo de traições e da inevitável separação. Tínhamos medo de nos magoar.
Mas não nós, nos importávamos uma com a outra, era cumplicidade. Tínhamos admiração uma pela outra. Parecíamos um casal de amantes adolescentes, o amor no auge da vida, era um sonho.
Fomos vivendo nossa vida, cada uma com seus objetivos, a admiração já não é a mesma, os anseios já não são os mesmos, o que causa paixão pra uma já não causa para a outra.
Tínhamos tanto medo de nos afastarmos que nos afastamos sem querer, tomando rumos distintos, encontrando novas paixões e o que trazia medo aconteceu.
Mas ninguém tem coragem de dizer uma para outra que acabou. Fica esse silêncio eterno, essa distância muda, aquele olhar de querer dizer algo que não será dito.

Continuamos com medo.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Os dias

Passo os dias acordando sem querer acordar.
Passo as manhãs esperando o almoço chegar.
Passo as tardes esperando a noite chegar, quero cama, quero dormir, quero não acordar.
Quero colo, quero cama, quero choro.
Quero mais tempo, quero férias.

Quero amor, não quero dor.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Sentimentos

Sentimentos confusos brincam com a minha consciência. Faço uma forca descomunal para entendê-los, mas os dois ou talvez três copos de bebida que tomei há pouco dificulte minha capacidade de racionalizar tudo.
Coloco o cigarro apagado entre os dedos, sinto seu cheiro e o coloco na boca, como um ritual. Um vício que gostaria de deixar, mas não posso. É como se fosse parte de mim. Tantas partes da minha alma estão morrendo que eu não quero perder mais nada.
Bebo e fumo por ter resumido minha existência à isso: uma alma vazia que nada represente além de um copo de cerveja, um cigarro e meia dúzia de piadas, mascarando assim as dores que perturbam a minha alma.
Vivo um eterno esconde-esconde de sentimentos, confundindo a tristeza no gole da cerveja. 
Mas quem se importa?
Sinto o decorrer das lágrimas em minha face, não como alento, é um micro desespero que exala consciência a fora. Nem sempre a compostura se faz necessária.
Sentada e inerte estou, sinto meu corpo extasiado, sem conseguir assim responder a qualquer estímulo, pensamentos rompantes tomam conta de mim, a vontade é de exceder o sentimento para o corpo, mas simplesmente isso não é possível. Com movimentos lentos e delicados consigo acender o cigarro que já cansava de ficar apagado e pendurado em minha boca.
Uma longa tragada: um prazer absoluto toma conta de mim, como se resgatasse alguma parte da minha alma perdida e cansada. Os sentimentos parecem-me como almas penadas vagando pelo universo infinito do meu ser. E o compilado desses sentimentos segue, se alimentando de solidão e de uma felicidade mentirosa, a mentira que todos gostam de contar.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Primavera

Ter você é como o desabrochar da primavera. Onde o sol acaricia as coisas mais belas da natureza de forma delicada. Tudo que se olha é colorido e agradável, uma beleza delicada de flores frágeis, que adormeceram pelo inverno e brilham na primavera. As cores se realçam e tudo simplesmente ganha vida, o amor faz sentido porque tudo que se olha se vê alegria.
Ter você é como uma brisa leve da manhã de primavera. O cheiro no ar é doce e sensual, as flores exalam o cheiro que ficaram meses guardando para esse momento.
Até o gosto dos alimentos ficam melhores, é época de se comer os frutos mais doces e frescos. Um sabor adocicado e forte.

É você, a minha primavera, ter você é como ter a primavera o ano inteiro.

Dor

Eu sinto uma dor leve, como uma pontada constante que já acostumei. Uma dor que gera até um prazer, como uma dor muscular que aperto só para sentir um pouco mais doído. Angústia leve como um sol morno da manhã.
É acolhedor, uma companhia, como um cigarro que fumo só para ter a sensação que estou viva. Um gole de whisky cowboy para sentir a garganta arder.
Sigo nessa dor, beirando o abismo sem cair. Sentir o vento abraçando para afastar a solidão.

E por favor, um cigarro para sentir a vida entrar pelos pulmões. 

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Tristeza

Quando olho para o espelho, tudo que consigo ver é um grande vazio.
 Um olhar distante e distraído, isso não precisa ser ruim.
Para se encontrar é necessário se perder afinal.
Porque sorrir precisa ser vital?

Não quero sorrir hoje, não quero acenar para todos. Quero o silêncio caloroso me abraçando.
A tristeza toma conta de mim em meio essa solidão e é a melhor companhia para hoje.
A nostalgia me acolhe como um sol outonal, e a tristeza como a brisa gelada.

Ficaria por horas nesse momento inerte, e seria feliz por estar triste e só.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Monotonia

Sinto uma brisa gelada tocar minha pele despertando-me para a solidão.
Ouço um leve sussurrar, levando minha mente a vagar numa loucura;
Perco-me em pensamentos que não levam a lugar algum, mente vazia.
Sei que alguém está falando comigo, mas não ouço a sua voz;
As palavras flutuam nessa brisa gélida, não tocam meus ouvidos, se perdem no tempo.
Um leve desespero me toma, a vontade de fugir é enlouquecedora.
Essa monotonia é como um veneno que sou obrigada a engolir,
Aos poucos vou desfalecendo os sentidos, fecho-me em silêncio, dor e solidão.

Quero o ácido, o veneno, uma morte lenta. Só não quero me afogar em monotonia.