Sentimentos confusos brincam com a minha consciência. Faço uma forca descomunal para entendê-los, mas os dois ou talvez três copos de bebida que tomei há pouco dificulte minha capacidade de racionalizar tudo.
Coloco o cigarro apagado entre os dedos, sinto seu cheiro e o coloco na boca, como um ritual. Um vício que gostaria de deixar, mas não posso. É como se fosse parte de mim. Tantas partes da minha alma estão morrendo que eu não quero perder mais nada.
Bebo e fumo por ter resumido minha existência à isso: uma alma vazia que nada represente além de um copo de cerveja, um cigarro e meia dúzia de piadas, mascarando assim as dores que perturbam a minha alma.
Vivo um eterno esconde-esconde de sentimentos, confundindo a tristeza no gole da cerveja.
Mas quem se importa?
Sinto o decorrer das lágrimas em minha face, não como alento, é um micro desespero que exala consciência a fora. Nem sempre a compostura se faz necessária.
Sentada e inerte estou, sinto meu corpo extasiado, sem conseguir assim responder a qualquer estímulo, pensamentos rompantes tomam conta de mim, a vontade é de exceder o sentimento para o corpo, mas simplesmente isso não é possível. Com movimentos lentos e delicados consigo acender o cigarro que já cansava de ficar apagado e pendurado em minha boca.
Uma longa tragada: um prazer absoluto toma conta de mim, como se resgatasse alguma parte da minha alma perdida e cansada. Os sentimentos parecem-me como almas penadas vagando pelo universo infinito do meu ser. E o compilado desses sentimentos segue, se alimentando de solidão e de uma felicidade mentirosa, a mentira que todos gostam de contar.
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